Fico espantada com a beleza desta noite de Maio.
A lua está cheia, reflete-se na água numa vastidão entre o mar e o areal infinito.
Os olhos começam a habituar-se à escuridão, olho para o céu e aparecem cada vez mais estrelas. O som do murmúrio distante das ondas embala a minha dor.
Fecho os olhos. Respiro o cheiro de oceano salgado e deito-me a contemplar o firmamento.
Sinto a areia gelada da noite colada às minhas costas, com a ponta dos dedos das mãos toco nos grãos de pequenas conchas desfeitas. Desejo profundamente dissolver-me nelas e transformar-me em pó. Choro. Já não sei se pela tristeza ou se pela beleza de tal pintura luminosa sobre mim.
- Nem senti que te encostaste a mim - digo-lhe com surpresa na voz.
- Sabia que te ia encontrar aqui - responde-me com voz afetuosa.
- Deita-te ao meu lado, mas não fales! - imploro.
- Combinado. Trouxe o balde de pipocas que estava na cozinha. Não me deixes, está bem? Não podes desistir agora! - a sua voz tão sofrida dói em mim.
- Vamos deixar que as estrelas respondam a isso - digo com a voz trémula, seguro-lhe na mão agarrando-me à uma ínfima esperança, enquanto uma brisa se levanta e me toca na cabeça nua.
{o cancro talvez me venha a vencer, mas o amor… o amor suporta tudo}
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