Avançar para o conteúdo principal

Sabes quantas vezes procurei a felicidade?

Querido Mateus, nesta fotografia tens 15 dias, olhamos os olhos um do outro com desconfiança. Eu com tantas dúvidas e tu com tantas certezas. Para ti era simples, eu era o teu chão só tinha de te guiar. Mas eu, eu não sabia ainda como o fazer.
Ao longo destes 7 meses tanto que aconteceu. Mal eu sabia nesse dia, o que tinhas para me ensinar.
Quero-te contar que já te sentas sozinho, gatinhas por todo o lado e estás sempre a rir. Na verdade, foi bem rápido que deixei de ser o teu chão e todas aquelas horas contigo no colo são já recordação.
Passas-te a ser o que faz brilhar os meus olhos, mesmo quando não me deixas descansar. Não sei expressar em números, nem em letras ou palavras, o quanto me faz feliz dizer-te: "Anda à mamã" e sentada no chão tu gatinhas para os meus braços abertos. Agarro-te, beijo-te, rebolo contigo enquanto ris á gargalhada. Aí esse riso! Esse riso é canção, é poema...
Sabes, eu cuido de ti.... mas és tu que curas o meu coração.
Ensinaste-me a apreciar os pequenos momentos como estes. Ensinaste-me o que é o amor avassalador, que dói mas que tudo aguenta. Ensinaste-me que o tempo é o maior tesouro. Ensinaste-me o que é mais importante na vida. Ensinaste-me a perdoar o passado e a encarar o futuro com uns olhos diferentes. Ensinaste-me a ser mais humana, a sentir empatia. Quebras-te o meu mundo egocêntrico.... e viras-te-o de cabeça para baixo. Passaram 7 meses e vejo que afinal, tudo valeu apena.
Sabes quantas vezes procurei a felicidade? Eras tu que faltavas, para me ensinar que a felicidade não se encontra porque ela está sempre presente, nas coisas pequenas.

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

A beleza da noite

Fico espantada com a beleza desta noite de Maio. A lua está cheia, reflete-se na água numa vastidão entre o mar e o areal infinito. Os olhos começam a habituar-se à escuridão, olho para o céu e aparecem cada vez mais estrelas. O som do murmúrio distante das ondas embala a minha dor. Fecho os olhos. Respiro o cheiro de oceano salgado e deito-me a contemplar o firmamento. Sinto a areia gelada da noite colada às minhas costas, com a ponta dos dedos das mãos toco nos grãos de pequenas conchas desfeitas. Desejo profundamente dissolver-me nelas e transformar-me em pó. Choro. Já não sei se pela tristeza ou se pela beleza de tal pintura luminosa sobre mim. Nem senti que te encostaste a mim - digo-lhe com surpresa na voz. Sabia que te ia encontrar aqui - responde-me com voz afetuosa. Deita-te ao meu lado, mas não fales! - imploro. Combinado. Trouxe o balde de pipocas que estava na cozinha. Não me deixes, está bem? Não podes desistir agora! - a sua voz tão sofrida dói em mim. ...

Os teu primeiros passos

Querido Mateus: Tens 10 meses e 27 dias. Começas -te a caminhar. Filho, não tenhas tanta pressa de crescer. Sabes porque te digo isto? Porque queria tanto, mas tanto, poder congelar-te nessa tua inocência e nesse teu brilho alegre no olhar. Filho, lamento, quando cresceres vais perceber que no mundo não há só amor. Vais perceber que há muito sofrimento e que há muita dor. Há ganância e guerra. Vais perceber que nem todos os crescidos são de confiança, apesar de todos já terem sido como tu: inocentes. Filho o mundo está de pernas para o ar. Assim como está a tua tartaruga de brincar, só que é mesmo a sério. Quem me dera que não crescesses...  Mas vais crescer. É inevitável. Resta-me ensinar-te a ter fé. "A fé é a firme confiança de que virá o que se espera, a demonstração clara de realidades que não se veem." Hebreus 11:1 (Guerra Rússia - Ucrânia)